Liga no escritório um homem com voz irritante. Quer saber das trivialidades que regem o processo e do andamento da lide perdida. Há muito tempo prescrita e arquivada para o deleite das traças de um tribunal. Peço que aguarde enquanto procuro arquivos on-line. O silêncio range no telefone com interferência. Do outro lado, o homem da voz irritante aguarda, enquanto passarinhos cantam uma cançãozinha triste. Parecem-me canários. Imagino-os presos e enfadados daquela voz que os deve atiçar a cantar todo dia pela manhã. Compadeço-me deles. Também sou eu um passarinho que canta em silêncio na gaiola da burocracia. Solidário, minha única vingança contra o homem é deixá-lo preso ao telefone, aguardando, ao som das teclas que, em vez de procurar arquivos, escrevem este fato.
9 comentários:
liberdade!
Talvez esse canto triste do passarinho seja um pedido de socorro.. pobre bichinho..
Pergaminho sobrevive às traças da burocracia, à irritação pragmática. Absolutamente densas e profundas,as palavras lhe saem leves, tais como os passarinhos que voam por seus textos. Mais que mero experimentador, Pergaminho, você é um degustador da sonoridade poética das coisas simples. Um brinde a seu talento "Passarus Pergaminis".
Lucas, em clariceano clichê: Liberdade é pouco, o que desejo ainda não tem nome.
Amor, todo passarinho na gaiola canta triste porque não tem o céu.
Manuel, é uma honra ter o seu apreço e mais ainda ter uma denominação dessas! Seja bem-vindo à Choupana. Esteja sempre por aqui e sinta-se à vontade!
Fragmentos Biográficos de M.B.
É tudo ficção, Everton. Tudo ficção. Sempre.
Ou uma "realidade psicótica".
MÁRICO, SUA LITERATURA ESTÁ CADA VEZ MELHOR. nAO ME CANSO DE LER (PENA QUE ESTOU TAO ENVOLVIDA NESSA VIDA LOUCA QUE POR POUCO TEMPO TENHO ME PERMITIDO LER VC E OS OUTROS.
BJOS
Mandrussato, querida!
Apareça sempre que tiver tempo. Isso é o que importa.
Beijo saudoso!
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