11 de setembro de 2018
agosto estacionou em setembro
dores sobre as flores e amores ressequidos
espinhos de cacto na garganta da tua lembrança e minha navalha de ponta perturbando o teu espírito com as nuances do sarcasmo
há fantasmas que não dormem e que me amam, sabemos todos
e ainda que os tenha matado a eles e a mim
os espíritos não morrem
1 de outubro de 2015
libera nos, Domine
ave maria gratia plena dominus tecum
há tinta fresca na parede
et benedictus frutus ventris tui, Sacis
fumando no telhado
ora pro nobis pecatoribus
excomungados
exorcizados
os sete demônios vivos e suas línguas tecendo letras
nunc, et in hora mortis nostrae
amen
12 de junho de 2015
das sensações que alma carrega, sinto vontade de chover sobre a lua. de embebedar os copos com nuvens de fogo. mas sou abismo e me perco nas fendas de mim. os olhos fechados buscam silêncio. profunda, a carícia da mãe no ventre interessante. eu engoli a lua e agora chovo. toda licença aos deuses que criam mundos.
29 de março de 2015
encontrei uma alma enforcada no galho de uma árvore. desnuda de corpo, ela olhava para dentro de si e via tremer o esqueleto. um xilofone de costelas úmidas a embalar a dança das folhas. sentei-me para contemplar. ao dar por mim, era eu a corda no meu próprio pescoço, fazendo estrebuchar as pernas de minha alma. enquanto isso, o esqueleto corria para o conforto das vísceras ainda quentes. nascia assim, uma nova sinfonia.
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