Nu, toco com a ponta dos dedos o espelho embaçado pelo vapor. Começo pelo reflexo do sexo e, como se tocasse meu próprio corpo, subo pelo ventre, braços, ombros e não desembaço a cabeça. Toco o reflexo dos olhos, estes olhos tristes que me vêem dizem coisas absurdas, líricas, docemente amargas sobre o outro que sou eu. Enquanto desembaço o restante da face, gotícluas deslizam suave e lentamente sobre meu corpo numa carícia infantil e doce. Vejo-me em alma. Translúcida alma nua em frente ao espelho. O frio se mescla à ternura do ambiente, mas não me incomoda. Eu evaporo e escorro.
3 comentários:
Gostei bastante =)
Seu apreço é uma honra, Menininha.
Bela maneira de descrever o momento "pós-banho em frente ao espelho".
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