14 de junho de 2009

Êrba, sô Baco!

Em vez de vinho, cachaça. Em vez de bacanal, forró. Coro, trilha ao vivo, coreografias e recursos cênicos deram a impressão de uma verdadeira tragédia grega ao espetáculo Cabocla Tereza, apresentado agora à noite, no Municipal, pelo Núcleo de Teatro Experimental Nuevo-T, sob direção de Rildo Goulart.
Com imponente concepção cenográfica, o espetáculo é baseado na música homonina de João Pacífico e prima pela fidelidade na releitura do enredo, obtendo êxito no desenvolvimento dramático a partir da narrativa.
A plástica cênica foi muito bem concebida e levou o espetáculo ao Olimpo pelo público que, en pasant, compareceu em grande número. Apesar do luxo cenográfico que conferiu simplicidade ao ambiente e da ótima concepção cênica, a peça apresentou ausência do trabalho de ator.
Cabocla Teresa (Márcia Vilela) não apresentou energia nem beleza interior suficientes para encantar Bento (Roberto Azevedo) e o público. As falas na voz da moça não alcançaram a devida potência de projeção, tampouco a vibração e intensidade na interpretação. Com exceção à projeção vocal, pode-se afirmar que também faltaram à Joana (Gabriela Carvalho) as devidas intensidades que perderam espaços para uma fala cantada. Roberto Azevedo e Maurício Fuscaldo - este interpretou Tonho - foram brilhantes na atuação. Destaque para João Ricardo Pagliarani cujo personagem, Candeeiro, tem a função de significar a atuação das divindades que regem o destino dos homens. Pagliarani, cujo bom gosto também está presente na concepção do figurino de todo espetáculo, brilha ao conferir ao personagem certeiras posturas e intensidades gestuais, além das impagáveis expressões do grande ator que é.
O coro merece destaque pela coreografia compassada em vários momentos da trama, mas deixa a desejar em termos de canto e sonoridade. Cumpriu sua função de interligar conflitos e cuidar da narrativa do drama. Ainda no âmbito sonoro, os músicos mostraram-se brilhantes na execução da trilha que conferiu à peça toda a ambientação de "causo". Brilhante!
Com esse espetáculo a cidade estará muito bem representada na fase regional do Mapa Cultural. Os aplausos calorosos foram merecidos, principalmente pelo cumprimento do desafio proposto de montar a peça em menos de dois meses. Agora é ponderar e ajustar aquilo que nunca fica pronto.
Merda!


5 comentários:

Anônimo disse...

A montagem realmente foi um grande desafio.. acredito que a iluminacao poderia ter sido melhor explorada...

Márcio Bergamini disse...

Acredito q a iluminação deveria ter ares noturnos e menos agrestes. Eu colocaria um pouco mais de branco na coisa toda porque os lampiões não surtiram mto efeito.
=D

Anônimo disse...

Aprecio comentários quando sei que quem os comenta realmente tem conhecimento do assunto. Fico feliz pelos seus comentários e pela presença. E realmente todos esses pontos ditos serão melhor analisados neste espaço de tempo até o regional. Abraços.

jh.sil disse...

Sabe que você expressa muito bem as suas impressões? Daria um bom comentarista, hehe. Aliás, dos melhores, porque são poucos que têm esse linguajar todo particular. Que tem esse olhar nem tão cheio de técnica, talvez, mas tão cheio de crítica e sentimento. Gostei muito do anterior também.

Besos.

Alkimia Fotografia & Comunicação disse...

Fazer teatro não é nada fácil. Eu adorei a montagem e acho que ela tem tudo pra evoluir, ficar perfeita. O diretor poderia colocar a cabocla na diagonal do palco, nas cenas em que, na montagem atual, ela fica de costas para a plátéia. Merda!!