(de Efraïn Bacuri)
Invade o quarto, por uma fresta da janela, um serelepe raio de sol. Com tantos cantos para iluminar, cisma em repousar sobre meus olhos dormentes. Diabos! Consumi a madrugada em litros de chá e a última peça escrita por Ibsen. Leitura lenta. Detalhada. Porque, enquanto leio, penso e sinto. Mais senti do que pensei, na verdade. Dor. E agora desperto. O raiozinho de sol me traz à consciência do dia. Sim, à consciência do dia. Não à minha que, por um tempo, inconsciente esteve e dormente está. Em algum instante Matilde baterá delicadamente à porta. Vai despertar a consciência do que separa este aposento do resto do apartamento. Mas há de ficar inerte, a porta, enquanto em seu corpo e em meus ouvidos sussurra o toque suave dos dedos da governanta. Desperto também de entre os mortos. De entre os moribundos, ecoa a voz do que me faz consciente. E rio olhando o raio de sol que sai de seus olhos. Estamos vivos. Despertos.
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