27 de janeiro de 2011

Longe, aqui ao lado

Longe, aqui ao lado, a dor paira feito névoa em noite fria, como frias são as horas que não passam e que, ao lado, deixam longe o calor de um tempo que não mais é. Da luta armada de orgulhos, o que sobra é ferida aberta, aborto de virtudes que outrora eternas eram e, doravante, é o nada. Perspectiva de rumo incerto. O absoluto incerto da condição humana.

Longe, aqui ao lado, o silêncio covarde emudece o corpo e a construção livre de mitos é análise pr'uma outra teoria. Um corpo outro a ser construído por outras mãos, outras penas. Obra incerta, de prolixidade muda. Paira no texto a virtude do homem. E toda virtude é uma farsa pra agradar o leitor.

Longe, aqui ao lado, de olhos fechados, repousa o livro sobre a mesa de cabeceira. O tesouro roubado da virtude esquecida. Ali, o universo das guerras, a dor da noite - dor dos homens - é tudo o que um dia pôde ser e, agora, é tão só a voz da Morte, que docemente ecoa pelas horas que não passam.