No oceano, duas ilhas unidas pela água. Mas ilhas, em sua plenitude solitária. Miravam-se de longe, acenavam palmeiras e sonhavam ter mãos para escrever um bilhete: o mais elemental dos textos, o que as uniria por toda a existência, oi. Vez ou outra, piratas atracavam em uma delas, escondiam tesouros que seriam esquecidos ou levados pelas águas da maré ou tão bem guardados que elas faziam questão de mantê-los assim, apenas para satisfazer seus caprichos de ilha. Tinham fé de que o magma que se agita no interior da terra permitisse o deslizar de seus corpos, fundindo-se em um só pedaço de chão.
Mas um dia - assim mesmo, com a previsibilidade da narrativa que evoca o avesso das vontades - nesse dia de conjunção adversa, o sol, que estava de lua por ter passado a noite em claro ouvindo o lamento das baleias, furioso secou o oceano. Fez da água o nada. Nem nuvem que viraria granizo. Nem granizo que viraria água.
Estavam unidas pelo solo. Sentiram a plenitude de continente e, mesmo parecendo distante, viram as mãos de terra, que não sabiam existir, nem estarem unidas e encobertas pelo oceano. E no regozijo de ver o horizonte em solo, não viram que entre elas havia sal e esqueletos de baleia. Não notaram que os piratas não apareceriam, que não haveria mais tesouros, exceto os que mantinham oculto pelo capricho, que logo se esgoratia o alimento das palmeiras. Que logo seriam deserto de si.
E assim foi. O sal corroeu-lhes os olhos. Em pouco tempo, os corpos viraram areia e se espalharam em planíce árida com o vento. Já não eram ilhas e não tinham mar. Já ninguém lhes punha os pés e as palmeiras mortas há muito não acenavam. Agora, as ilhas são deserto.
Mas um dia - assim mesmo, com a previsibilidade da narrativa que evoca o avesso das vontades - nesse dia de conjunção adversa, o sol, que estava de lua por ter passado a noite em claro ouvindo o lamento das baleias, furioso secou o oceano. Fez da água o nada. Nem nuvem que viraria granizo. Nem granizo que viraria água.
Estavam unidas pelo solo. Sentiram a plenitude de continente e, mesmo parecendo distante, viram as mãos de terra, que não sabiam existir, nem estarem unidas e encobertas pelo oceano. E no regozijo de ver o horizonte em solo, não viram que entre elas havia sal e esqueletos de baleia. Não notaram que os piratas não apareceriam, que não haveria mais tesouros, exceto os que mantinham oculto pelo capricho, que logo se esgoratia o alimento das palmeiras. Que logo seriam deserto de si.
E assim foi. O sal corroeu-lhes os olhos. Em pouco tempo, os corpos viraram areia e se espalharam em planíce árida com o vento. Já não eram ilhas e não tinham mar. Já ninguém lhes punha os pés e as palmeiras mortas há muito não acenavam. Agora, as ilhas são deserto.
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