23 de setembro de 2010

Primavera

Ontem, eu vi seus olhos e a mesma calma de outrora. A sinceridade e a pureza de sempre fariam-me correr descalço sob a chuva. Pena que ainda não tenha chovido. Você me disse que a vida estacionou no outono, num inverno cinza. E eu te abracei e disse pra ter calma. Amanhã é primavera. E ao dizer isso você não sabe o quanto eu queria te fazer bem. O bem imemorável do qual a gente só guarda as sensações, do qual ficam apenas os poemas por escrever, suspensos no espaço entre as idéias e as letras.
Hoje a primavera chegou. Você vai à padaria e compra um pão de queijo. Velhos hábitos à mesa. Hoje a semente é hipótese do que outrora foi fruto. Será flor em outro jardim. Serão jardins com tantas outras flores e, em cada um, essências múltiplas a plantar memórias onde sopra o vento. É a vida. Não se preocupe. É primavera. Teu jardim há de florir hermoso e os teus frutos serão doces. Apenas espere a chuva e o arco-íris quando sair o sol.

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