Não quero a verdade. Não quero as meias verdades do signo. Cansei-me do discurso, das relações convencionais da pragmática. Não quero o nominável, nem o rótulo. Estou farto do lirismo comedido. Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Não quero a nomenclatura da palavra. Nem os sinônimos imperfeitos. Nem as metáforas afiadas. Não quero o silêncio das mãos. Tampouco a ausência da imagem no poema - este poema sempre por se inscrever. Circunscrito. Este traço oco da escritura, reminiscências de memória esquecida, efemérides inventadas: veja o frasco, meu amor, o perfume está pela metade. Meio cheio ou vazio? O que eu quero é outra coisa. O que eu quero é língua tecendo os corpos. É o desejo pulsando em sangue. É roçar o sexo dos corpos com a língua. A putaria imensa da Ventura. Quero ser obsceno. E trepar. E tecer essa complexidade de corpo e alma com as imagens surradas que já não quero. E gozar na cara da puta a semente dos meus seres - eles não são meus. Meu genocídio. Mudo. O que eu quero são as fendas mudas do teu Ser.
2 comentários:
Fendas mudas que, em grande maioria, falam mais alto que aquelas dotadas do dom da fala.
Estavas sumido, queridão!
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