4 de agosto de 2010

De quando nascem os Deuzinhos

(ao Otto)

Quando nasce um Deus, os outros todos se reúnem para escutar o verbo primevo de suas entranhas. Dos olhos dos mais velhos, candeia a poesia em ambiente de aconchego. Dos olhos dos bufões, a alegria dardeja em ritmo de ciranda. Os mais novos apenas espiam. Cada um sussurra um verso, enquanto o Deuzinho dorme. Quando todos acabam, vem o maior deles, Silêncio, e com a pena forjada para o infante, traça-lhe, na fronte, um A com tinta púpura e lhe confia o livro em branco a ser escrito: a Vida.

3 comentários:

jh.sil disse...

eis a poesia verdadeiramente inefável, dolorosamente inefável.
e é uma dor que canta, que encanta. certamente há muita poesia demais em cada choro sem dentes que eternizei em colorido, mas não sei até que ponto tenho, eu, condições [físicas e pscológicas, pasme] de reproduzi-la em preto e branco ou, se assim preferir, preto no branco, rs... o fato inegável é que não me canso de olhar. "olhos nos olhos, quero ver o que você diz"... é assim: desde sempre esperando os dizeres que, no momento, vêm de todos
os modos, menos em palavras. e isso é o que mais assusta, ao
mesmo passo que encanta.

encanta dor.

jh.sil disse...

retire aquele 'muita' intrometido dali, rs.

Márcio Bergamini disse...

eu, que não sinto, como você, as cores, senão por representações outras que não a linguagem, devido a distância e coisas outras que minha escritura embala, só com o preto no branco, só com o que a mente concebe, posso fazer chegar o olhar e o verbo sobre aquilo que pulsa. e isto basta para que haja, sob todas as máscaras dos signos, poesia.