31 de março de 2010

De quando [não] nos vemos

Vês? A relva quer que nos debrucemos sobre ela a contemplar as estrelas, a orvalhar com suor os corpos nus, a dizer com a voz silenciosa do olhar... Vês? O sol quer nos dourar na caminhada de dedos entrelaçados, iluminar o brilho dos teus olhos e incendiar meu desejo com teu sorriso... Vês? Os livros na estante clamam pelos dedos nossos e pela construção do sentido leve em uma rede na varanda... Vês? As rosas todas querem enfeitar os teus cabelos e nos sorriem e se curvam em reverência e aplaudem quando passamos pelos jardins... Vês? Todas as músicas querem embalar nossos corpos na dança lenta e quente e úmida da paixão... Vês? Essa brisa mansa que nos beija a face quer nos levar às nuvens no desfazer dos corpos...
Mas vê que isso só vejo quando presente se faz a tua ausência. E se tudo me some enquanto te vejo é porque só o que vejo és tu que me vês...

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