Qual é o tempo em que crio o universo real e abstrato? Trago aqui a densidade do passado e a beleza do futuro para fazer deste fazer um feito deleitoso. Mas funciona? Quem sabe. A técnica na qual me perco é o limbo da condição deste presente que se eterniza apenas no agora para não ser. Inútil tentar? Não, evidentemente. O fazer requer de toda a realidade e abstração atemporal, transmutável em suas formas e sentidos, para que se solidifique em termos tão abstratamente concretos, que chegue ao ápice da existência. Entretanto, não há leveza suficiente capaz de fazê-lo, tampouco oximoros indeléveis para constituir o que uma alma não é, ou que não pode ser. Ou talvez possa. Se puder, realmente, nos níveis abstratos e nos reconditos soturnos da consciência - mesmo nos campos mais aprazíveis desta - quem garante que o tempo é o que se espera e o que se propôs? Quando era, já não seria. Quando for, já não vai ser. Em meio às normas que ordenam o universo e que me imputam a empregar um tempo ao feito, crio meu próprio tempo atemporal, surreal, tangível em uma mente que é a própria criatura, fruto de si. Quando o feito estiver feito, e for refeito quando já nao for mais, o tempo ficará suspenso e eternizado num modo simplesmente atemporal.
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