Era uma chuva de chuá intenso. Eu, no meio da rua na cidade deserta, ia sem saber pra onde. As gotas tocavam meu corpo com celeste violência, que as feridas de minha pele soltavam as cascas e o sangue vinha à tona, fluindo como poesia, fundindo-se com a água a escorrer sobre mim.
A chuva me livrava das chagas do ser.
Ocupei espaço entre as gotas, fundi-me à poças e enxurradas. Dos meus olhos vinham secas lágrimas que se perdiam em meio a água e sangue.
Eu ia.
Ia seco, sob a chuva.
A chuva me livrava das chagas do ser.
Ocupei espaço entre as gotas, fundi-me à poças e enxurradas. Dos meus olhos vinham secas lágrimas que se perdiam em meio a água e sangue.
Eu ia.
Ia seco, sob a chuva.
2 comentários:
Quanta leitura em atraso.
Ia seco, sob a chuva..
Que lindo, Márcio!
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