2 de outubro de 2008

Sai, Helena!


Abram a geladeira. Há cervejas de qualidade, poupa para algum suco, água e coca-cola. Na adega tem pinga, uísque e vinho. Os potes de chá estão sobre o balcão entre a copa e a cozinha.
Cuidado para não esbarrarem em Helena. Ela vive esparramada pela casa. Quando não está trombando nas paredes, levando na boca o pobre Juvrenal, está deitada frente à geladeira, esperando uma bo'alma dar-lhe algo de comer.
É bom que toda Casa tenha um animal de estima. Não que eu defenda isso como regra. Pode ser gato, passáro, peixe, cão, coelho, tartaruga. Já os tive todos. Até um casal de faisão, um sapinho e borboletas. Cada um com um final mais incrível que o outro - A tartaruga fugiu, literalmente. Chorei três noites seguidas.
Helena destrói a casa. Comeu um exemplar de Shakespeare semana passada. Hamlet. Teve uma indigestão danada. Shakespeare não e pra qualquer um, Helena!
Hoje amanheceu chovendo. Ainda está calor. O clima me faz lembrar de tempos árduos no Inferno Verde. Ao abrir a porta, Helena veio me saudar como de costume. Coberta de lama. Dei-lhe um chega pra lá que perdeu o rumo. Chafurdou a noite toda carregando Juvrenal. Pobre Juvrenal. Presinto que, quando a chuva parar, terei de sair e escarafunchar as covas de Helena a sua procura. Halena capeta!
Bem, voltarei ao chá e à leitura de "Sete contos de fúria", do António Vieira, uma autor português que descobri esta semana e que, de chofre, me encantou com uma narrativa engenhosa e densa. Até a vista.

8 comentários:

Unknown disse...

belissimo, isso me lembra Bacuri, muito reflexivo, =]
hauhauhaaa

jh.sil disse...

Eu adoro textos, independente do tipo, que sejam com cunho experimentalista. Há alguns escritores que gostam muito de mesclar fatos vividos com os fictícios, e construir a dimensão complexa que nos impede discernir onde começa o 'real' e onde termina a fantasia. Eu prefiro acreditar na 'verdade' construída dentro do texto, e imaginá-la de um modo oposto ao que esperaríamos.

Conte-nos um pouco sobre a densa engenhosidade de António Vieira.

Beijos.

Jossy disse...

Meu "DEUS" ... agora fico imaginando se essa CRIATURA não fosse uma pessoa "OCUPADA" com o quê mais iria perder tempo?!?!?

Bjs...
Dedo no OLHO, Eu te odeio!!!

Anônimo disse...

Profuuuuuuuuundo como tudo que sai de tua boca [ou da ponta de teus dedos!] rs... tudo o que você fala, escreve ou faz, nos faz pensar!!! bjos, adoro vc!!

Juliana Fabrícia da Silveira disse...

não sei tenho pena de vc ou da Helena...sinceramente, ter o Márcio como dono deve ser algo interessante, não é todo cão que come exemplares de shakespeare e sobrevive...

enfim, cachorros parecem ser fiéis, msm comendo livros...frase nada a ver :P
te adoro seu cabeludo!

Anônimo disse...

olá Adorei tudo gostava que fosse a arte-e-ponto.blogspot.com

Anônimo disse...

Olá senhor Berga... para mim sempre Bixo!!
Como sempre fico sem palavras ao ler seus textos, poemas, poesias... Fico encantada e as vezes irritada com sua inteligência e seus mistérios!! rsrs
Adorei o texto e a foto!! A Helena ficou muito bem como modelo!! :D

Bjinhos... nos vamos mais tarde!!

(Obs: Pronto... comentei!! hehehe)

Everton disse...

supimpa caro confrade!
uma bela narrativa para o cotidiano!
=D
peço-lhe a publicação de alguns poemas!