16 de novembro de 2010

sob as asas do tempo
apodrece
o ovo da vontade

embrião sem forças
signo sem faces
máscara absorta

no teatro dos homens
o ausente assombra o que foi um dia
desejo
ou
poesia

no dorso do corpo
definha no silêncio
o manto das virtudes

os deuses querem o sangue
sacrifício vão na pilastra do templo

- o que é sacrifício já não é oferenda nem adoração -

e cada ato é inútil
como inútil são os cantos
aos ouvidos do surdo
aos olhos do cego
ao coração do incrédulo

na estrada que não existe
erro
sobre o caco dos ecos
gemido de aflitos
e o coração de minha voz
é desejo sem forma
espelho sem luz
sombra do que um dia fui
e ao que chamaram Poesia.

3 comentários:

Cintia Mara disse...

linda poesia =)

Alkimia Fotografia & Comunicação disse...

Que lindo, Márcio! Saudades de ti e das tuas letras...beijo

Ariel Pádua disse...

gostei. :)