(de Efraïn Bacuri)
O senhor anda acabrunhado e taciturno, seu Efraïn. O chão se abriu sob a poltrona e vislumbrei um abismo de sentidos. Por pouco, a caneca de chá não me escapa dos dedos. De onde Matilde tirara os adjetivos tão bem colocados? Adjetivos que não se ouvem na rua, tampouco fazem parte do palavreado cotidiano e menos ainda saltam assim, da boca das secretárias, como uma flecha que nos acerta o meio da testa. Não que eu tenha pré-conceitos linguísticos. Até o momento não sei se o que me supreendeu foi a constatação de meu estado ou o emprego dos adjetivos. Talvez as duas cousas.
Olhei absorto. Virei um gole do chá que me preparara. Obnubilado, Matilde, obnubilado.
Meia hora depois ela voltou. Seu Efraïn, o senhor precisa dardejar. Deveras, minha querida. Então peguei a pena e cá estou, dardejante como um raio de nuvem que obnubila o reflexo do sol num lago verde musgo.
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