8 de outubro de 2009

O trailler de um filme velho: na parede branca, era projetada a imagem do roseiral seco sobre o qual ia, desconsolado, o poeta com sua boina preta. Não havia foco, não havia som. Eu via a vida, em filme, passar em rotações de projetor e nada me era mais doce e triste e belo do que as rosas aos pés do poeta. A dor que consumia o ambiente, o silêncio da sala, tudo me abraçava e me dava a sensação de estar vivo. Doce ilusão da arte. Na película, eu era a rosa seca esmagada por sapatos cor de carmin.

2 comentários:

Everton disse...

Um belo modo de dizer que a realidade é deprimente.

A insustentável leveza disse...

"Doce ilusão da arte."

Diria (diz) Piglia: "Não existe nada simultaneamente mais real e mais ilusório do que o ato de ler."