Ponto suspenso no ar

Pense que todas as hipóteses, de repente, ganharam a tangibilidade das coisas concretas. Onde você está? Em meio a elas... Exclamação solta no meio de frase! Deus vira-se para você, contemplando-o com o olhar severo e censor. Chegou a hora da verdade. Entretanto, você percebe que Deus chora, implora seu perdão ajoelhando-Se aos seus pés. Em meio a tudo o que você pôde um dia conceber em sua mente (in)finita de criatura animal, das lágrimas vertidas por Deus, brotam Rosas brancas cujo perfume exalado inunda o ambiente num romântico clichê de Imagem. É o que você concebe. Não que seja de todo inútil ou deplorável. Os valores simbólicos alteram-se nas suas próprias hipóteses, resignificando o que existe e traduzindo o inexistente. Você é Deus, ora! Olha-se num espelho cristalino, vê sua própria alma refletida por além del. Conhece a essência da criação. Dá cores e formas ao etéreo, distribui vida como balinhas de Papai Noel. Faz desfaz cria recria destrói comunga apodrece, Deus. Incrédulo. Vira-se e evapora. Ficam as Rosas. Fica suspenso no ar o ponto de sangue sacrossanto derramado por Vosso dedo espetado por um espinho de Rosa. E você ri. E você chora.

Efraïn Bacuri